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“A GENTE TEM QUE SER FELIZ, A MOTIVAÇÃO É INTERNA!”, disse o Superintendente de Varejo do Banco do Brasil (RN/PB)

05/02/24

A frase destacada no título dessa matéria poderia estar em qualquer discurso de um coach, que é aquela pessoa que vende cursos e treinamentos que  prometem ajudar a quem busca por meio de orientação e conselhos atingir a um objetivo pessoal ou profissional. Mas bem diferente disso, essa fala infeliz foi proferida pelo Superintendente de Varejo do Banco do Brasil (RN/PB), na condição de convidado, durante o encontro que aconteceu recentemente no Sebrae-RN, onde também encontrava-se o anfitrião  do evento, o Superintendente Comercial do Banco do Brasil nordeste I (RN, PE, PB e Ceará). Estavam presentes nesse evento, como plateia, a gerência média das agências Estilo e dos Escritórios Exclusivos do Banco do Brasil em Natal.
 
Quando o superintendente do BB para o RN e PB, imprudentemente, diz que “a gente tem que ser feliz e que a motivação é interna”, ele desconsidera totalmente as complexidades do ambiente bancário, onde o assédio e a sobrecarga de trabalho muitas vezes desafiam a felicidade no exercício das funções e na vida! Para piorar, ele também disse que "(...) nosso salário tá lá no dia 20", como se isso não fosse o mínimo que a instituição bancária deva fazer: pagar a seus trabalhadores em dia. Isso é de um absurdo intragável e ainda sugeriu que “a gente faz a escolha se vai ser feliz como agente comercial, assistente, gerente”. 
 
A noção de que os funcionários fazem a escolha de serem felizes em seus cargos pode ser interpretada como uma tentativa de atribuir a responsabilidade pelo bem-estar unicamente aos trabalhadores, ignorando fatores sistêmicos e estruturais que os afetam diretamente no ambiente laboral.
 
Durante a entrega de um prêmio "de reconhecimento por metas alcançadas" ao pessoal da agência Estilo Potiguar, veio mais uma declaração insana, dessa vez por parte da Superintendência Comercial PF do Banco do Brasil nordeste I (RN, PE, PB e Ceará): “aqueles que se afastam (por motivos de saúde) geralmente são indivíduos de alto desempenho que focam nas metas”. 
 
O mais preocupante? Dados revelam que 70% da gerência média dessa mesma agência que recebeu o prêmio, por exemplo, encontra-se atualmente em situação de adoecimento mental, fazendo uso de medicamentos para dormir. Nos últimos três anos, 40% desse mesmo segmento perdeu suas funções, resultando em uma redução significativa de 60% em seus salários. Essas perdas foram ocasionadas por afastamentos superiores a 90 dias devido a diagnósticos de ansiedade, depressão ou Burnout, todos relacionados à pressão proveniente da administração da agência.
 
A abordagem do superintendente sobre afastamentos por licença saúde levanta sérias preocupações. Cria-se uma narrativa que culpabiliza os próprios trabalhadores pelos afastamentos. Essa visão desconsidera as pressões excessivas impostas pela busca constante de metas, que muitas vezes resultam em condições de trabalho insustentáveis e levam ao esgotamento e à necessidade de licenças médicas cada vez mais frequentes. 
 
Essa realidade, ao invés de gerar preocupação dos gestores, é romantizada e convertida em “exemplo de inclusão” nos programas de premiação de desempenho. Deixando claro que o Banco, de fato, só está preocupado com o lucro e excelentes resultados, pois é sabido que a meta do governo para o Banco do Brasil é atingir os 37 bilhões, ultrapassando o Itaú. Isso é considerado loucura para uma empresa pública. 
 
Com a gestão de Lula, patrão dos trabalhadores do Banco do Brasil, percebe-se que pouco mudou: as metas exaustivas e o assédio persistem de forma intensa. É fundamental repensar e reavaliar as práticas adotadas, visando um equilíbrio entre o alcance de objetivos financeiros e o bem-estar dos funcionários, alinhando-se verdadeiramente com a natureza de uma empresa pública.
 
Ao tomar conhecimento dessas falas lamentáveis, que reverberam na rotina bancária, o Sindicato dos Bancários do RN manifesta sua indignação e reafirma seu compromisso em combater essas práticas inadmissíveis que impactam os trabalhadores e exige uma posição transparente da instituição financeira diante dessas declarações apresentadas.