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Lucro bilionário da Caixa contrasta com fechamento de agências e corte em postos de trabalho

06/06/25

A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 4,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025 — um salto de 71,5% em relação ao mesmo período de 2024 e de 7,9% frente ao trimestre anterior. O lucro contábil foi ainda maior: R$ 5,8 bilhões, alta de 133,9% em 12 meses. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (05/06).
 
Apesar do desempenho financeiro anunciado, a realidade vivida pelos(as) trabalhadores(as) do banco e pela população é outra. Em 12 meses, a Caixa fechou 117 agências, 8 postos de atendimento, 21 lotéricas e 234 unidades do correspondente Caixa Aqui. Também foram eliminados 3.024 postos de trabalho no período. Ainda que o banco tenha contratado 463 empregados(as) no último trimestre, o saldo é fortemente negativo: ao final de março de 2025, o total de trabalhadores(as) era de 83.770.
 
As despesas com pessoal — incluindo a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) — caíram 2,4% em 12 meses e 3,4% no trimestre. Essa redução ocorre em meio ao aprofundamento da sobrecarga, metas abusivas, assédio e condições precárias enfrentadas pelos(as) bancários(as).
 
Outro indicador que reforça o foco do banco na rentabilidade é o crescimento do retorno sobre o patrimônio líquido, que atingiu 11,77%, avanço de 2,76 pontos percentuais no período. Já o patrimônio líquido da Caixa aumentou 6,5%.
 
A disparidade entre os lucros bilionários e a política de encolhimento da estrutura física e de pessoal do banco escancara uma contradição. O modelo de gestão, alinhado às diretrizes do governo federal, ignora o papel social da Caixa como banco público. O fechamento de unidades e a redução do quadro de pessoal dificultam o acesso da população a serviços essenciais, como crédito habitacional, FGTS, programas sociais e crédito rural — afetando sobretudo as regiões mais vulneráveis do país.
 
Para o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte, Chiquito Neto, os números revelam uma lógica perversa. “É inaceitável que a Caixa comemore um lucro bilionário enquanto fecha agências e elimina postos de trabalho. Esse resultado financeiro só é possível porque há uma exploração crescente da categoria, com metas abusivas e pressão insustentável. O banco precisa retomar seu compromisso com o povo brasileiro, e não com a lógica do mercado.”, alerta o dirigente sindical.