Bancários e bancárias vivem uma crise silenciosa de saúde mental. Entre 2014 e 2024, os afastamentos de trabalhadores por transtornos mentais saltaram 168%, passando de 5.411 para 14.525 casos. Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab).
O aumento é ainda mais brutal considerando que, no mesmo período, o número de empregos na categoria sofreu uma queda drástica de 88.165 postos de trabalho. Uma redução de 512.186 para 424.021, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
Registros do INSS mostram que os principais diagnósticos responsáveis pelos afastamentos são outros transtornos ansiosos (34,5%), reações ao estresse grave e transtornos de adaptação (24,8%), episódios depressivos (24,1%) e transtorno depressivo recorrente (11,2%).
A Consulta Nacional dos Bancários 2024, que ouviu 46.824 trabalhadoras e trabalhadores de todo o país, comprova que o adoecimento mental está ligado a metas desumanas, assédio moral e medo constante da demissão. Hoje as doenças mentais e comportamentais já representam 57,1% de todos os afastamentos no setor.
O levantamento revela um quadro alarmante:
. 39% dos bancários usaram medicamento controlado nos últimos 12 meses;
. 67% têm preocupação constante com o trabalho;
. 60% sofrem de cansaço e fadiga permanentes;
. 53% sentem-se desmotivados e sem vontade de trabalhar;
. 47% têm crises de ansiedade ou pânico;
. 39% relatam dificuldade para dormir, inclusive nos fins de semana.
“Esses números escancaram que a busca incessante pelo lucro, sustentada pela redução de funcionário e intensificação das metas, adoece a categoria e destrói vidas. A luta contra o assédio, pela redução da jornada e da pressão por metas e por melhores condições de trabalho é, mais do que nunca, uma questão de saúde e sobrevivência para os bancários.”, defende Alexandre Candido, coordenador geral do SEEB/RN.