A greve dos trabalhadores bancários foi uma das maiores dos últimos 20 anos. A resposta às péssimas condições de trabalho, insegurança, assédio moral e baixos salários veio na forma de luta.
Após 15 dias de greve, os trabalhadores mantiveram um número recorde de agências fechadas em todo o Brasil. Em bancos como o Banco do Brasil setores com função se incorporaram à greve, e a força do movimento continuou crescente em duas semanas de paralisação. Graças a esta disposição de luta foram derrotados vários interditos proibitórios, duas propostas em sequencia foram apresentadas pela Fenaban, seguidas também por propostas específicas de BB e Caixa.
Mas, essas propostas são inaceitáveis. Não é possível que o setor que mais lucra na economia brasileira (R$ 1 bilhão por mês) conceda míseros 7,5% de reajuste, quando outras categorias obtiveram entre 9% e 10,8%, e, entre os bancários, o BRB conquistou 12%. O piso proposto à categoria pelos banqueiros e pela Contraf-CUT ainda teria de receber um reajuste de cerca de 70% para atingir o mínimo do Dieese, valor necessário para atender as condições básicas de um trabalhador. E, no BB e Caixa, e demais bancos públicos, as propostas de piso significam um reajuste ainda menor que o da Fenaban. As pautas específicas não foram contempladas em nenhum banco e até mesmo a PLR será inferior a de 2009, em muitos casos.
Por outro lado, a nossa luta foi fortíssima e chegou a seu auge não dando qualquer sinal de refluxo. A indignação dos bancários com uma proposta completamente insuficiente e discriminatória faz com que nossa força seja ainda maior. Havia necessidade e condições de se arrancar mais.
No entanto, em acordo com os banqueiros privados e o governo Lula, a Contraf-CUT traiu a greve orientando a aceitação dessas propostas rebaixadas. A greve já começou a ser desmontada a partir do dia 13/10 pela manhã, inclusive com assembleias nos bancos privados. Esta postura demonstra que a Contraf-CUT já não fala mais em nome dos bancários e que é preciso construir uma alternativa de um novo comando nacional.
Nós repudiamos a condução da Contraf-CUT desde o início da discussão da campanha salarial, por ter proposto um índice de apenas 11% de reajuste; por ter se calado diante de pautas como a isonomia nos Bancos Públicos ou o Plano Odontológico no BB; por ter aceitado um acordo que exclui e discrimina parcelas da categoria, a exemplo dos salários acima de R$ 5.250,00 no setor privado; por ter permitido, mais uma vez tratamento desigual aos bancários da Caixa que permaneceram no REG/REPLAN, e, principalmente, por ter desmontado a greve quando esta estava no seu auge.
O governo Lula e os banqueiros desrespeitaram mais uma vez os bancários com estas propostas. E o comando de negociação da Contraf-CUT mostrou que está do outro lado, contra os trabalhadores, ao ter trabalhado para a greve acabar nestas condições.
Nós bancários do RN declaramos nosso repúdio à condução da greve e à forma como ela foi encerrada, ao mesmo tempo em que saudamos cada grevista, ativista e lutador, que fez uma das maiores greves dos últimos tempos e que deixou bem claro que ainda temos muito a conquistar e que o caminho é esse mesmo: a luta!