O mais despolitizado e governista dos Fóruns termina. Mostra, porém, a procura por novas perspectivas
Nesse dia primeiro de fevereiro, domingo, tem fim a nona edição do Fórum Social Mundial, realizado agora em Belém, capital do Pará. Após anos, a sede do Fórum volta ao Brasil, mobilizando milhares de pessoas sob o lema de um “novo mundo é possível”.
Com a explosão da crise econômica e a falta de perspectiva desse sistema, o Fórum ganhou uma nova dimensão, voltando a atrair atenção após algum tempo de ostracismo. O que se viu majoritariamente, porém, não foram novas idéias. O Fórum se resumiu, em sua maior parte, a uma grande plataforma eleitoral do Governo Federal e o desgastado governo estadual de Ana Júlia, também do PT.
Expressão disso, durante os dias do Fórum o governo paraense aplicou uma verdadeira política de higienização social. A fim de criar um clima artificial de tranqüilidade, fechou bares, proibiu festas populares e colocou a polícia nas ruas. A presença da Guarda Nacional nas ruas de Belém ajudou a transformou esse evento num Fórum militarizado.
Não foi à toa que o maior evento do FSM tenha sido a reunião dos quatro presidentes latino-americanos e o discurso de Lula. Junto a isso, os organizadores do Fórum imprimiram uma marca notadamente reformista. Velhos projetos de um “capitalismo mais humano” como alternativa.
Outro aspecto que mostra tal caráter do Fórum foi a ausência de qualquer grande atividade ou mobilização em defesa do povo palestino. Isso num momento em que os habitantes de Gaza passavam por um verdadeiro genocídio por parte de Israel.
Com relação à participação da esquerda, o balanço também é vergonhoso. Numa oportunidade em que o presidente venezuelano estava na cidade, nenhuma exigência foi realizada em relação ao recente assassinato de dois sindicalistas na Venezuela.
O PSTU no Fórum
Mesmo apresentando um programa reformista, o velho mais do mesmo, o Fórum atraiu algo como 100 mil pessoas de todo o país e do planeta. Isso mostra que, mesmo com o grau de oficialismo, muitas pessoas honestas buscam alternativas ao que está aí. Por exemplo, mesmo que a Palestina tenha oficialmente saído da programação oficial, camisetas, faixas e bottons em defesa da causa palestina eram onipresentes.
O PSTU participou desse Fórum a fim de apresentar um programa que ataque a raiz dos problemas discutidos nesses dias. Questões que vão da ecologia à crise econômica. Com uma pauta que ia da defesa dos direitos e empregos, contra a crise, à defesa da Palestina ante o genocídio perpetrado por Israel, o partido atraiu a simpatia de inúmeros ativistas.
O PSTU esteve entre as poucas organizações que denunciaram o papel do governo Lula na ocupação do Haiti. Os militantes do partido participaram ativamente do seminário unificado sobre reorganização do movimento popular e sindical, que reuniu Conlutas, Intersindical e diversos outros setores. Já a LIT realizou um dos poucos debates que trataram com profundidade a crise econômica. Os militantes do partido atuaram no Fórum apresentando um programa socialista em atividades contra a opressão, tanto de gênero, quanto de raça ou orientação sexual.
Atuaram, sobretudo, no sentido de afirmar que um outro mundo só é possível se for socialista.
[ 1/2/2009 00:03:00 ]